sábado, 12 de novembro de 2011

SUPREMA FELICIDADE

SE
    TODOS OS HOMENS  SE SENTISSEM REALMENTE COMO VERDADEIROS IRMÃOS;

SE
    PUDÉSSEMOS VER A CARIDADE SE ESPALHANDO,
    ENQUANTO A  AMBIÇÃO FOSSE MORRENDO;

SE
    A INVEJA DESAPARECESSE DO MUNDO,  E OS HUMILDES  PUDESSEM TER VEZ;

SE
    TODA E QUALQUER ESPÉCIE DE COMBATE ENTRE OS HOMENS CHEGASSE AO FIM;

SE
    NÃO MAIS EXISTISSEM PODEROSOS,  NEM FRACOS, NEM AFLIÇÕES EXISTISSEM;

SE
    A BOA VONTADE FIZESSE SEU NINHO  EM TODOS OS CORAÇÕES;

SE
   -  EM UMA PALAVRA – PUDÉSSEMOS ENCONTRAR  TÃO SOMENTE

                                                   AMOR
   ENTRE TODOS OS HOMENS,

   EU CONHECERIA, ENTÃO, A FELICIDADE MAIOR!   

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

SEM TÍTULO (por enquanto)

                                                       
 Hoje é dia 07/09/2011 – quando festejamos 189 anos de nossa Independência  -, e estou iniciando outra narrativa,  cujo título ainda não me ocorreu. Isso vou deixar por conta do desenrolar da estória – efetivamente real  -, que ocorreu em 2006. Por que somente agora , depois de cinco anos e nove meses,  me proponho fazer este relato?  É o que eu mesmo me questiono. Acontece que o tempo pode ser um grande aliado, quando se pretende desculpar,  perdoar, ou simplesmente esquecer. Nesse caso, tenho ainda minhas dúvidas quanto ao objetivo de tal aliança, pois isso vai depender das conclusões  a que eu chegar sobre as consequências  de tudo. Mas ... basta de mistérios ... vamos ao relato.

Sou pretendente a seguidor das lições de vida ensinadas pelo guru indiano Sathya Sai Baba, que viveu  84 anos e 5 meses, de 23/11/1926 a 24/04/2011. Fui à Índia pela primeira vez em 1998, num grupo de quase 40 devotos, quando tive o privilégio de ficar frente a frente com o Mestre, e receber os benefícios da energia que dele emanava.  Em 2000 lá estive novamente, aos 59 anos, junto com oito ou nove jovens  -  e mais bênçãos  fluíram.

Seis anos depois, decidi retornar.

Voltar à Índia, sim,  mas – aos 65 - não queria viajar sozinho. Naquele início de 2006, duas amigas, também integrantes da família Sai, se determinaram fazer a mesma viagem. Uma viajaria com a neta, que precisava  retornar em Fevereiro, no reinício das aulas. A outra iria sozinha, na mesma época, e disposta a voltar na primeira quinzena de Março , conforme minha pretensão e necessidade.  Por esses motivos, e em especial pelos dois últimos, combinamos e resolvemos viajar juntos.  Devo confessar que a ideia e certeza de passarmos a viagem toda sozinhos me causava certa apreensão, conhecedor que era da loquacidade dessa pessoa, e sem  alguém para dividir a atenção com ela. Assim mesmo, me animava e tranquilizava o fato de não estar solitário.
Enfim, partimos para nosso “destino”, escala em Paris. Atençào especial para o dia e mês:  18 de Janeiro (Sexta-Feira). Retorno marcado  para o início de Março. Seriam, portanto, pouco mais de 40 dias.
 Nas primeiras horas da viagem já estava bastante preocupado com o monólogo instaurado  pela “companheira”, inclusive prenhe de problemas pessoais e familiares.  Estar com alguém que começava a me sufocar, a me estressar, não me parecia, a princípio, justificar o fato de não  viajar sozinho.  Infelizmente essa ideia  se confirmou quando, a certa altura do trecho Paris-Nova Dehli , passei  a me sentir mal, e cada vez pior, ficando mesmo agoniado com tamanha falação. Disse abertamente o que estava acontecendo, e o retorno que tive foi que ela não podia “fazer nada”, pois era “assim mesmo”.  A partir daí, fui tomado de um tal crescente desespero , que cheguei à conclusão, com muita tristeza , antes estivesse sozinho, passando  a temer por minha saúde, e até mesmo por minha vida!  Neste momento,  me determinei  interromper a viagem em Nova Dehli, voltando logo a Paris, no próximo voo, e daí para o Rio, ou seja, para casa. Essa decisão, por si só, já me fez muito bem, me aliviou muito.

NA ÍNDIA ... ENFIM!

Antes de retornar a partir da capital indiana  -  sem comentar com a “amiga” sobre esse meu firme propósito  -, fomos à Agência que nos oferecera uma excursão ( aliás, já tínhamos planejado algo, ainda no Brasil) , e remarquei meu bilhete de volta para o início de Fevereiro, ou seja, logo após aquele passeio , e cerca de um mês antes do previsto.  Nessa ocasião, também  já havia decidido  fazer algumas compras além do que  imaginara,  vez  que não mais teria outras despesas, em virtude do corte da viagem, e até para compensar um tanto o voo à Índia.  A excursão compreendia visita ao Taj Mahal, um dos principais cartões-postais   indianos (que eu já visitara em 1998 e 2000), ida a Jaipur, a cidade rosada  (eu já conhecia, também), passagem  por Varanasi  -  que seria a grande novidade para mim -,  e viagem até mais ao norte, à cidade de Rishkesh, que eu visitara em 2000. Antes de partirmos, procurei  me sentar na frente, ao lado do motorista/guia, ou seja, afastado daquela pessoa, o que só consegui depois de muita insistência, pois na cultura indiana aquele posicionamento  era anormal. Durante os trajetos, a “companheira” cravava o indiano de perguntas, num inglês sofrível,  perturbava o pobre (como me confessou, mais tarde), e até me preocupava, pois o guia – por imposição profissional e educação – se obrigava a olhar para trás, enquanto dirigia, sempre que a turista lhe fazia perguntas, que não foram poucas.    
E assim, num clima de distanciamernto e frieza, cumprimos parte de nosso  programa. Nós nos separávamos ao  atingirmos o local da visita, e somente nos reencontrávamos na volta, no carro, para seguirmos em frente. Depois do lindoTaj Mahal, fiz compras (tapetes, roupas, almofadas) em Jaipur, e houve ainda alguns outros pequenos passeios  antes do “confronto” derradeiro.     
Foi numa tarde bem fria, enquanto aguardávamos o trem para Varanasi, que resolvi  interromper também aquela  excursão.  Eu concluí que me seria muito penoso e estressante viajar toda a noite ao lado daquela pessoa, e ainda passar com ela o dia seguinte inteiro, numa cidade que não conhecia.  De lá teríamos que viajar novamente à noite, de volta àquela mesma estaçào, onde estaria o carro da Agência para nos conduzir a Rishkesh. Ufa! Quando pensei  em tudo isso, tomei a decisão de retornar logo a Dehli com o motorista, e informei  à “companheira” , inclusive, meu firme propósito de voltar de imediato para o Brasil, explicando, abertamente, meus motivos.  Mas isso não foi nada tranquilo. Ao contrário, desencadeou-se acalorada discussão, tendo eu perdido até as “estribeiras”, quando a mandei “à M....!”  Entretanto (e ainda bem, afinal),  em vez disso, ela foi mesmo pra onde pretendia ... Continuou a excursão, e tempos depois soube ter alcançado seu objetivo final :  estar na presença física do Mestre Sai Baba. (Apenas para lembrar: também esta era minha meta.)

A viagem de volta a Nova Dehli duraria cerca de duas horas, segundo o guia, que comentou sobre a inconveniência  de o fazermos à noite, agravada por seu conhecimento de algum problema  na estrada.  Mas a “amiguinha” fez-nos  esperar com ela o trem que a levaria a Varanasi; isso retardou nossa partida, já noite fechada.  Felizmente, a viagem resultou tranquila.
Na manhã seguinte (Quarta-Feira), fui  cedo à Agência de turismo, relatei  tudo que tinha acontecido , e – principalmente – manifestei  o firme propósito de iniciar minha volta para casa  imediatamente, ou seja, naquele mesmo dia – 23 de Janeiro -,  e não no início de Fevereiro, como já havia remarcado. 
As pessoas da Agência me adiantaram ser praticamente impossível  conseguir nova  remarcação do bilhete para aquele dia, mas diante de minha determinação e insistência, e notando mesmo a agonia que me abalava, concordaram em fazer a tentativa. Assim, segui  com um deles até a Companhia Aérea e fiquei aguardando,  um tanto preocupado, a resposta  do funcionário à nossa pretensão. Finalmente, depois de minutos que me pareceram uma eternidade, fiquei aliviado.  Eu partiria aquela noite de volta a Paris, e no dia seguinte – 24 de Janeiro –, para o Rio. Agora me sentia verdadeiramente FELIZ! 
À tarde, quando preparava a mala, já saboreando o néctar da volta, por um momento fiquei um pouco incomodado. Ao conferir o bilhete, percebi  que estaria em Paris por volta das 6  horas da manhã  – em virtude do fuso horário -,  e o voo para o Rio estava previsto para bem tarde, cerca das 23 horas. E o que eu faria durante essa longa espera?
Conforme combinado, alguém da Agência me deixou no aeroporto, à noite.  Deixei  a Índia sem atingir minha meta, mas plenamente convicto de que fizera o melhor, naquelas  circunstâncias.
Assim, na manhã do dia 24 de Janeiro de 2006 (Quinta-Feira ), estava eu no Charles de Gaule, já próximo ao portão de embarque, mesmo sabendo que este não seria aberto antes das 23 horas!  É que, em  virtude do frio intenso, e embora agasalhadíssimo, não ousei  sair do aeroporto. Então, eu me conscientizei  da necessidade de administrar a passagem daquele longo dia, da melhor e mais tranquila forma possível, o que só consegui  - sem dúvida – graças à  certeza de que estaria em casa no dia seguinte. Passei  toda a manhã ora lendo, ora puxando conversa, ora cochilando, olhando vitrines, me alimentando levemente ... E assim foi a tarde inteira, e chegou a noite. O frio continuava intenso, mesmo dentro do aeroporto.  Finalmente, por volta da meia-noite, decolou o avião com o destino por que eu tanto ansiava: RIO DE JANEIRO!   
Nessa viagem – Paris/Rio – eu me sentia  retornando à vida!

CONCLUSÀO:
 Em vez de quarenta dias maravilhosos - como esperava -, foram apenas significativos e  frustrantes SETE. Mas eu estava FELIZ!  
(Quanto ao título deste relato – encerrado em 22/10/2011 -, não me decidi por nenhum...! Poderia ser “Uma viagem frustrada” , ou “Uma lição de vida”, ou “Antes só do que mal acompanhado”, ou – quem sabe – alguém teria outra sugestão? )     
  
       

  

domingo, 29 de maio de 2011

Uma estória curiosa - ou extraordinária!

Primavera de 1981. Mais exatamente: dia primeiro de Abril (não é mentira!). Estou numa fila de pessoas de diversas regiões do mundo, supostamente já inscritas em cursos do idioma local, em uma pequena e charmosa cidade da Alemanha. É um sábado, e estamos nos apresentando para recebermos orientação e material do curso, com início previsto para o próximo dia 3, Segunda-Feira. O atendimento flui bem, sem demora. Chega minha vez. O funcionário solicita que eu aguarde, e sai da sala. Cerca de dez/quinze minutos depois, retorna. Aquela surpreendente espera não me intranquiliza, apenas me inculca um pouco. Ele diz que está tudo bem, e me entrega o material. Recebo também uma nota de dez marcos que - esclarece ele - se refere a devolução por motivo de aulas que não serão ministradas.

(Agora viajo no tempo, e relembro os antecedentes de minha chegada aqui.)

Quando me inscrevi no vestibular, na década de 60, havia três possibilidades  na área de Letras: Neolatinas, Anglogermânicas e Clássicas. Descartei a primeira, em virtude do grande elenco de matérias. Quanto à segunda, fugi – assustado - do alemão, que eu julgava quase impossível aprender. Então, só me restaram as Letras Clássicas, tendo por base o latim e o grego. Dois anos depois, pude optar pelo curso Português/Inglês, tendo para isso me submetido a teste desse idioma. Tal é minha formação acadêmica.
Lembrando meus anos do – então – ginásio, me dou conta de que sempre me imaginava fazendo um curso de inglês na Inglaterra, sonho que nunca realizei. Paradoxalmente, jamais sequer pensei em estudar alemão - muito menos na própria Alemanha!

Certa noite, alguns anos após minha conclusão do curso universitário, e já exercendo o magistério, principalmente com relação ao inglês, chegou às minhas mãos, por mero acaso (?), um pequeno livro da série “aprenda sozinho”, editado em Londres, destinado ao ensino do idioma germânico.
Considerei esse achado um desafio, depois de ter evitado o estudo do alemão, anos atrás. Assim, com determinação e a ajuda de colega de trabalho, mergulhei naquele livrinho – que guardo até hoje – da primeira à última página. Em seguida, depois de cerca de ano com aulas particulares, ingressei no Goethe Institut, em nível já um pouco adiantado. Lá pelas tantas do curso – aliás, patrocinado por meu empregador – comecei a pensar na viabilidade de estudar fora do país. Escolhi, então, uma Unidade do Goethe muito bem
recomendada por um de meus colegas, e enviei-lhes correspondência, em que apenas solicitava informações sobre o curso.
Enquanto aguardava as informações solicitadas, pedi a um companheiro de trabalho – médium atuante – sua opinião a respeito de minha ideia do curso no exterior. Esse amigo, então, me pôs em contato telefônico com outro senhor espírita, muito respeitado, que me desaconselhou a estudar fora do país, pois isso me seria muito dispendioso, e insistiu mesmo que eu deveria continuar  
meus estudos por aqui, A partir daí – certamente por confiar na manifestação daquele médium – desisti convicto daquela ideia, e realmente deixei de pensar nisso.
Entretanto, numa tarde, aquele companheiro do dia-a-dia me surpreendeu com esta frase: - “Quem sabe você vai fazer um curso de alemão grátis!” - Embora surpreso – claro -, não me abalei ao ouvir isso, até porque já tinha acatado o sábio conselho do mestre espírita.
Nessa mesma época, eu atravessava quase diariamente a ponte Rio-Niterói, e comecei a sentir algo que me deixava muito intrigado e surpreso. Eu via um cenário diferente daquele da baía de Guanabara, embora parecido, pois também envolvia água. Era como se eu estivesse em outro lugar, presente mesmo, sem estar sonhando. Ficava deveras admirado com esta impressão, porque jamais tinha passado por tal experiência - própria de médiuns sensitivos -, e também não mais pensava – com certeza – em viajar.
Assim, segui com minhas aulas no Goethe-Rio. Entretanto, aquela sensação muito estranha continuava.
Alguns meses depois, recebi correspondência da Unidade daquele Instituto, para onde eu havia escrito, unicamente solicitando informações sobre determinado curso.
Para minha enorme surpresa, não se tratava de simples informações. Era a confirmação de matrícula naquele curso pretendido, com todos os detalhes, inclusive o cartão de participante indispensável na apresentação. Ou seja: tudo  exatamente como se eu tivesse efetuado o pagamento do curso!
Imediatamente procurei descobrir o que havia acontecido. Meu primeiro passo foi levantar a hipótese de possível concessão de bolsa de estudo, junto aos membros da Comunidade da igreja alemã, de que eu  fazia parte. Todos negaram, descartaram a possibilidade de qualquer engano por parte dos administradores do curso, e me incentivaram bastante a aproveitar aquela oportunidade. Em seguida, consultei familiares e diversos amigos: todos me animaram – efusivamente – a atender ao curso. Diante de tudo isso, decidi viajar com tal objetivo, absolutamente sem medo nem culpa.
Depois da apresentação no Instituto – conforme narrado no início -, acomodei--me na residência para onde havia sido previamente designado, localizada próximo ao Curso. 
Também conforme previsto, as aulas começaram no dia 03 de Abril. No decorrer do Curso, todas as minhas expectativas iam sendo plenamente realizadas: ótimo planejamento, professores excepcionais, instalações adequadas, intercâmbio enriquecedor com “colegas” de diversas partes do mundo, tudo funcionando perfeitamente. Além disso, ressalto as atividades extraclasse: passeios, visitas, o dia-a-dia na cidadezinha muito charmosa e tranquila. Quanto ao uso do idioma, me sentia gradativamente mais seguro e à vontade.
Tudo corria muito bem. Cerca de um mês após o início do curso, fui chamado à Secretaria. Disseram não ter localizado meu depósito. Com absoluta serenidade, informei que não havia efetuado nenhum pagamento. Então, eles me perguntaram como eu havia recebido toda a documentação necessária para o Curso, sem nada ter pago. Eu disse que supunha ter ganho uma Bolsa de estudo, mas não fazia ideia de quem pudesse ter sido meu patrocinador.
Dias depois, fui novamente convocado para esclarecimentos. Dessa vez, o questionamento partiu da Sede do Goethe, em Munique, através de contato telefônico. Repeti integralmente o que já havia dito, e com a mesma total tranquilidade.
Nunca mais fui chamado à Secretaria. Certa ocasião, por lá passando ocasionalmente, um funcionário a mim se dirigiu, dizendo que eu havia ganho o Curso em virtude de erro do computador. Nada mais me disse, e eu nada comentei.
As aulas continuaram em absoluta  normalidade, até o fim de maio. Só para lembrar: o ano era 1981. Ao final do Curso me submeti aos exames, fui aprovado, mas parti logo – a saudade era grande –, sem receber qualquer documento relativo a minha participação.
Alguns meses depois, solicitei-lhes um “Zertificat”. Responderam que o enviariam, desde que eu efetuasse o pagamento pelo Curso.
Mas como eu julguei que tal Certificado jamais me seria absolutamente imprescindível  - como até o momento não o foi e nem o será -, deixei tudo “quieto”. Nada mais aconteceu, e já se passaram praticamente trinta anos desde aquela minha solicitação.

                                RELATO ENCERRADO EM 20/02/2011